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INTERCÂMBIO: ESTUDANTES DA UNEB BRUMADO CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS

INTERCÂMBIO: ESTUDANTES DA UNEB BRUMADO CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS

A estudante do curso de Direito da UNEB Brumado, Jade Ferraz, retornou semana passada de uma prolongada experiência de  quase 7  meses em Coimbra, entre janeiro a julho deste ano, período em que, além de frequentar a tradicional Universidade europeia, pôde conviver de perto com as realidades culturais dos irmãos dalém-mar.

 

Jade seguiu na esteira de Caio Coelho de Oliveira, também do Curso de Direito, que permaneceu igual período em 2013 no México pelo mesmo modelo  de intercâmbio promovido pelo Programa de Bolsas de Estudos do Santander Universidades em parceria com a Universidade do Estado da Bahia.

 

Pedimos a esses dois estudantes que relatassem suas experiências, que podem servir de estímulo a que mais discentes procurem essa via de contato intelectual e intercultural de grande fecundidade, como explicou semana passada a Professora Sandra Célia Mascarenhas, da SERINT, órgão da UNEB encarregado de gerenciar o processo.

 

 

RELATO DE JADE FERRAZ SOBRE COIMBRA:

Estudar na Universidade de Coimbra foi, sem dúvida, uma das maiores e melhores  experiências da minha vida. A evolução, tanto no quesito acadêmico como no pessoal, foi evidente para mim.  O contato com uma cultura diversa, de comportamentos e tradições diferentes, ajudou com que eu pudesse não só perceber como viver um "novo mundo". 

A comunidade universitária equivale a um quarto da população da cidade de Coimbra, e reúne estudantes de cerca de 82 nacionalidades, muitas das quais tive o prazer de conhecer e conviver, o que enriqueceu ainda mais a minha experiência. Por esse motivo,  a cidade gira em torno dos estudantes e suas tantas tradições e histórias podem ser sentidas a todo momento,  desde os trajes às praxes acadêmicas.

Esse período que vivi nessa histórica e tradicional universidade  foi muito mais que a realização de um sonho, já que é uma das universidades mais antigas do mundo (sua fundação data de 1290) e tem grande peso nos estudos da área jurídica. Sendo uma referência histórica para o Brasil desde a época colonial, recebe estudantes brasileiros desde o século 16.


Para participar desse programa de mobilidade, de parceria do Banco Santander com a Universidade do Estado da Bahia e a Universidade de Coimbra, passei por uma seleção composta por duas fases. Primeiramente houve uma análise de títulos, que me levou à segunda fase, em que foi realizada uma entrevista em inglês e em espanhol. Em seguida, foi necessária a apresentação de exames e documentos e solicitação de visto para estudante. Vale ressaltar que o programa Bolsas Ibero-Americanas Santander, do qual participei, oferece uma bolsa que auxilia em parte das despesas, o que ajuda ainda mais a todos que queiram realizar o sonho de um intercâmbio. 

Por fim, recomendo a experiência para todos os estudantes.  É de fato um período de grande crescimento acadêmico e pessoal. Seja por este, seja por outros programas, o intercâmbio pode ser muito importante para abrir novos olhares para o mundo e trazer novas perspectivas para a comunidade em que vivemos.

Ainda sobre Coimbra, sem dúvidas a minha melhor escolha. Afinal, como diz o lema dos estudantes: uma vez Coimbra, pra sempre saudade!

 

CAIO COELHO E O MÉXICO


Movido pela inquietação dos desbravadores e também pelo compromisso em respaldar o investimento institucional em mim depositado nos programas de Iniciação Científica e de Extensão Universitária, disputei vários editais de intercâmbios internacionais no ano de 2013, sendo aprovado na concorrida seleção do Programa de Bolsas de Estudos do Santander Universidades em parceria com a Universidade do Estado da Bahia. O primeiro momento foi marcado pela incerteza da definição do país para o qual iríamos, uma vez que o programa tinha como área de abrangência toda a América Latina. Definido o país de origem e a instituição de ensino que me acolheria, eis a grande surpresa: México, Universidad de Sonora.   

Embora o período fosse delimitado em apenas um semestre letivo, tenho certeza que carregarei as marcas dessa vivência por muitos anos. Além de uma realidade diferente da habitual e da oportunidade de ampliação das percepções culturais, antropológicas, linguísticas, humanas e também intelectuais, sobretudo na enriquecedora experiência no plano acadêmico, cursei um total de cinco disciplinas: Direito Internacional (Público e Privado), Ética (Bioética), Medicina Legal, Formas Alternativas de Composição e Resolução de Conflitos e também me aventurei no estudo da Psicologia Ambiental a partir da perspectiva da Arquitetura. Também estabeleci contatos com grupos de pesquisas que já possuem uma tradição reconhecida na América Central e tive a oportunidade de conviver e atuar em um Centro de Mediação e Arbitragem Internacional, além da participação em eventos acadêmicos envolvendo grandes nomes que representaram o país no Tribunal de Haia.   

A barreira da língua foi o primeiro grande desafio encontrado. Embora tivesse conhecimentos básicos do idioma local (espanhol), a adaptação exigiu dedicação e ampliação das percepções em todos os sentidos. O processo de aprendizagem por imersão se desenvolveu em três etapas: reaprender a escutar, a falar e a também escrever. Processo interessante, uma vez que compartilhei espaços com falantes de vários países de língua espanhola, o que me permitiu compreender diversas variações linguísticas,  dando lugar ao reconhecimento da heterogeneidade e dos processos de mudança da língua, uma vez que, no grupo de intercambistas, havia membros da Argentina, Peru, Colômbia, Equador, Chile e de outros estados do México. No final, já era quase confundido com os locais e o que mais me causava surpresa era a identificação dos acentos (sotaques) atrelados aos sonorenses.  

No plano das relações humanas, tive também grandes vivências.  O processo de recepção e acompanhamento dos intercambistas foi conduzido por um grupo institucional chamado "Punto Enlace", composto por jovens estudantes que regressaram de seus intercâmbios. Foram responsáveis pelo acolhimento, pela promoção da minha inserção na comunidade local, acompanhamento em locais públicos, festividades, teatro, cinemas e pequenas viagens. Vínculo institucional que originou grandes amizades. Tive a oportunidade de vivenciar uma excursão com antropólogos à Isla de Tiburón (reserva ecológica administrada pelos Seris); conhecer o carnaval de Guaymas; passar semana santa com uma família tradicional na Baia de Kino; participar de festivais internacionais como as Fiestas del Pitic. Ao fim das atividades acadêmicas,  realizei um mochilaço cruzando o país,  o que me permitiu conhecer a pluralidade cultural do México.    

 

 

Aqui tentei traduzir um breve relato dos pontos positivos dessa grande aventura de forma que possa servir de estímulo para outros estudantes que desejam realizar atividade tão enriquecedora acadêmica, cultural e sobretudo humanisticamente. Somente reconhecendo a pluralidade e a diversidade de formas de compreensão do mundo teremos condições de ser protagonistas das grandes transformações que a sociedade nos exige: aprimorando o conhecimento científico em consonância com os desafios globais, conhecendo ferramentas de construção de uma educação de qualidade e dando visibilidade à produção científica, para que se possam promover avanços na área de inovação e também da criatividade.

Toda esse experiência foi importante para a continuidade dos meus estudos e para a definição de projetos acadêmicos futuros. 


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