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ENTRE O REMOTO E A PROXIMIDADE: AS AULAS E A PANDEMIA NA UNEB

ENTRE O REMOTO E A PROXIMIDADE: AS AULAS E A PANDEMIA NA UNEB

 

Vivemos o período da pandemia pelo Covid-19, causada pelo coronavírus. A excepcionalidade do momento não pode servir de pretexto para que tirem nossas liberdades, nossas conquistas. Mesmo em momentos de grandes crises, alguns setores da sociedade insistem em criar as melhores oportunidades para ampliar seus numerários, seu poder. Como exemplo de senso de oportunidade macabra, vimos a trilionária ajuda aos bancos por parte do governo federal brasileiro, que poderia utilizar os recursos para proteger o povo, o pequeno e médio empresário, forças produtivas.

Em meio à crise e de olho nos oportunistas, a Universidade precisa ficar atenta ao falacioso discurso favorável às atividades remotas. Estamos assistindo a possibilidades de implementação do ensino remoto, sem as devidas discussões, prescindindo da devida capacitação a todos os docentes e discentes, desconsiderando as dificuldades de acesso às novas tecnologias, principalmente por parte de nossos alunos. Na UNEB, só propõe o ensino remoto como substitutivo do ensino presencial quem desconhece ou finge desconhecer a realidade unebiana. Diversos departamentos possuem internet precária, computadores insuficientes ou até seguem com inexistência da internet. Em várias cidades, mesmo antes da pandemia, os discentes já tinham dificuldades com o transporte, agora agravadas. Com os campi e as lan houses fechadas, como os discentes acessariam aos ambientes virtuais de aprendizagem? Como seriam realizadas, de forma remota, as atividades de estágio tanto das licenciaturas quanto dos bacharelados?

Reconhecemos a necessidade de compreender e utilizar todas as possibilidades de interação através das novas tecnologias. Entretanto, é preciso entender o momento político e atentar para a defesa de substituição do ensino presencial pelo ensino à distância, como sugerido por partidários federais e estaduais da precarização do ensino, da pesquisa e da extensão. Desta forma, aceitar, mesmo provisoriamente, a implementação do “ensino remoto”, que, em nosso entender, seria a precarização da EAD, é abrir a oportunidade para o capital financeiro investir no aprofundamento da precarização das instituições de ensino superior do estado da Bahia, em especial a UNEB.

Assim, neste momento, somos contrários ao início do semestre 2020.1 na UNEB com as atividades remotas, apesar de favoráveis a EAD em situações específicas com as devidas garantias de qualidade, acesso e controle. Precisamos garantir a universalização do acesso às ferramentas tecnológicas (computadores, tablets, softwares), assim como uma política pública ampla e gratuita de acesso à comunicação aos agentes educacionais, sem as quais a imposição de EAD como forma de ensino universal em tempo de Pandemia vai gerar mais desigualdades sociais que garantir ou ampliar direitos. Devemos considerar, sempre, as condições de vida dos agentes educacionais, discentes, docentes e técnicos, em suas dimensões materiais (perfil socioeconômico, condições de moradia e arranjos familiares), simbólicas (cultura que se produz em diferentes espaços) e psíquicas (afetos e emoções). Defender o início do semestre 2020.1 através do acesso remoto é desconsiderar a realidade unebiana.

 

De diversas cidades do Estado da Bahia, em 16 de abril de 2020,

 

Profa. Dra. Carla Liane Nascimento dos Santos (UNEB – DEDC-1 – Salvador)

Prof. Dr. Gildeci Lete de Oliveira (UNEB – DCHT-23 – Seabra)

Prof. Dr. Jairton Fraga Araújo (UNEB – DTCS-3 – Juazeiro)

Prof. Dr. Luciano Ventin Bomfim (UNEB – DTCS-3 – Juazeiro)

Prof. Dr. Joabosn Lima de Figueiredo (UNEB – DCHT-16 – Irecê)

Prof. Dr. Ricardo Tupiniquim Ramos (UNEB – DCH-6 - Caetité)

 

 


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