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João Batista de Castro Júnior. Professor do Curso de Direito da UNEB, campus Brumado.

Semana passada se observou uma bem vinda propagação do vírus da euforia com o desempenho do Curso de Direito da UNEB em Brumado no Exame Nacional da OAB, algo que se ostenta com orgulho em qualquer tempo, em qualquer lugar.

Inevitavelmente me vieram à lembrança as imagens do Campus XX quando entrei em exercício em maio de 2014: instalações impróprias e malcuidadas em uma antiga pousada à beira da rodovia, insegurança estrutural, disfuncionalidade de itens comezinhos como interdição permanente do banheiro para docentes, absoluta inaptidão gerencial do então Diretor, professor de Literatura, que, movido de birra, ciúme e antipatia, por pouco não extinguiu o Curso de Direito, apoiado por alguns poucos professores do Curso de Letras.

O único contraponto favorável era o entusiasmo docente e discente desse mesmo Curso Jurídico que se tornou responsável, em 2018, por desempenho em 13º lugar no Brasil no Exame da OAB. Agora, em sexto. Isso mostra um quadro de acelerado crescimento progressivo sem paralelo na história recente da Bahia, quiçá do Brasil.

Não se pode negar: há um barro especial de que são feitos esses alunos. Muitos deles, comendo o pão que o Diabo amassou, nunca arredaram pé. Sei de observação própria de gente que sofreu com privações as mais primárias, mas sempre estampava sorrisos retumbantes pelos corredores, sem se deixar afetar na sua frenética busca intelectual, responsável inclusive por representar brilhantemente a instituição em congressos nacionais e internacionais, pra não falar daqueles que tiveram experiência acadêmica em excelentes universidades estrangeiras no México e em Portugal à custa inclusive de contribuições financeiras particulares catadas aqui e acolá com a cuia na mão.

Por todos esses fatos, goste-se ou não, tem que se admitir: o Curso de Direito de Brumado deu outra categoria de credibilidade social à UNEB, o que beneficia os demais Cursos.

Todavia, como se diz em antiga canção da minha juventude, tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente por que os representantes docentes e discentes do Curso de Direito não têm maior espaço na Universidade? Por que sempre o “dá-cá” sem o “toma-lá”?

Isso é incompreensível, pois em Brumado esses representantes conseguiram desde bolsa de mestrado integral em universidade particular, passando por obtenção gratuita de terreno para a sede do Departamento, a auxílio psicológico e medicamentoso a alunos necessitados, além da realização de eventos grandiosos sem rivais no interior baiano. Só para ilustrar: continua aberto até hoje convite feito pelo Coordenador de Doutorado em Ciência Política nos Estados Unidos, o professor alemão Bernd Reiter, que esteve em Brumado, para que algum aluno nosso ingresse lá.

Sem esforço se pode então chegar à conclusão de que os agentes jurídicos discentes e docentes deste Campus, alçados a cargos de maior relevo, poderão fazer muito mais, o que é possível e viável para quem conhece o caminho das pedras.  

O Curso de Direito em Brumado, portanto, quer e reivindica, em nome da participação democrática, sua justa parte no bolo acadêmico para a qual tem entrado com trabalho e ingredientes da melhor qualidade.  

Brumado, 13 de agosto de 2.020.