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POR UMA UNEB COM A NOSSA CARA

POR UMA UNEB COM A NOSSA CARA



                                                                           UNEB, 25 de agosto de 2017.
                                                         Professor Doutor Gildeci de Oliveira Leite

No último processo eleitoral da UNEB não pedi voto para quaisquer candidatos. Fui escolhido, juntamente com duas colegas professoras, uma colega do corpo técnico administrativo e uma colega estudante, membro da Comissão Eleitoral. Era o ano de 2013 e a nossa UNEB fervia em esperanças por melhores dias.

Após o processo eleitoral, fui convidado para compor a gestão. A reflexão inicial foi sobre a saída do posto de “juiz eleitoral temporário” para membro de uma gestão. Entendo que, no serviço público, todos nós somos juízes de nós mesmos a todo tempo e algumas vezes compomos comissões administrativas disciplinares,  que podem levar um colega à demissão ou simplesmente uma comissão para julgar um projeto acadêmico.

Acreditei e continuo acreditando que, após a proclamação dos resultados eleitorais, o exercício da cidadania nos exige um posicionamento crítico em prol do coletivo. No caso em questão, mais especificamente em prol da UNEB, da educação, da ciência, da tecnologia e da cultura. Portanto, compor uma gestão universitária não pode ser uma ação de subserviência a um determinado soberano ou soberana, mas o exercício de um projeto socialmente referenciado. Como eleitor, via a possibilidade de um projeto socialmente referenciado em 02 (duas) das candidaturas, daí a aceitação do convite a mim feito pelo atual Reitor.

As decepções não tardaram a acontecer, mas persisti para a implementação e melhora do projeto anunciado. O excesso de centralismo e a pouca compreensão da academia tornaram difícil a realização de alguns projetos acadêmicos que integrassem a nossa UNEB, seja a partir do ensino, da pesquisa e/ou da extensão. Fazer parte da gestão era e é uma luta interna diária. A compreensão de que as funções me foram dadas pela universidade, e não por um soberano, fizeram-me permanecer na esperança de implementação e melhora do projeto inicial. Não culpo, exclusivamente, as pessoas que compuseram e compõem as pró-reitorias acadêmicas. Chamo atenção ao excesso de centralismo que tomou conta de nossa universidade e para a incompreensão da importância do fazer acadêmico por quem sempre centralizou as decisões, burocratizando e destruindo o encantamento.

Vivemos, hoje, uma universidade de pouca vida. Muitas pessoas de nossa instituição encontram-se desmotivadas para o exercício da criatividade, da produção científica, da produção do conhecimento. Aqueles que não trazem em si a capacidade de oferecer condições ideais de trabalho, aos que se debruçam nas possibilidades de aperfeiçoamento do ser humano, assumiram o controle de nossa instituição. Por mais que tentássemos, e tentamos oferecer outras possibilidades de compreensão do que há de humano em nossa instituição, éramos a todo momento reduzidos a números sem a menor criticidade. A lógica empresarial tomou conta da UNEB e a promessa de entender o aperfeiçoamento humano como verdadeiro lucro foi substituída por cortes orçamentários internos, desnecessários, exagerados, mesmo que isso significasse alguma devolução de recursos ao governo do estado no final do ano. Preocupou-se muito em demonstrar uma suposta excelência na administração e na economia de recursos em detrimento da produção e difusão do saber.

Entendo que o verdadeiro administrador acadêmico é aquele que proporciona paz aos docentes, ao corpo técnico e terceirizados, aos estudantes. A nossa paz deve ser entendida como a existência de condições, senão ideais, ao menos possíveis para o ensino, a pesquisa, a extensão. Compreender o reitorado como um mero gerenciamento de editais e/ou de decisões de cortes orçamentários com o intuito de demonstrar serviço à uma ordem neoliberal e castradora do conhecimento é a derrota coletiva de quaisquer instituições do saber. Para a assunção de uma casa do saber, como uma universidade, como a nossa UNEB, deve-se exigir o mínimo de compromisso com a compressão crítica da academia. Reconduzir ao poder o pensamento gerencial centralista e que desconsidera a verdadeira função de uma universidade é um risco que não devemos correr. Pontualmente, lembro que continuamos correndo o risco de infortúnios em nosso recredenciamento. Continuamos com avaliações institucionais pouco satisfatórias de nossos programas de pós-graduação e continuamos com um pequeníssimo número de doutorados, culpar docentes, discentes ou técnicos seria injusto. Para onde nos levará a lógica empresarial destrutiva e pouco crítica no comando de nossa instituição?

É preciso que todos nós, nos tornemos juízes preocupados com nossa instituição e afastemos os riscos do centralismo, da falta de visão acadêmica e da destrutiva e excludente visão empresarial no comando de nossa universidade. Novamente considero que há duas chapas com perfil acadêmico. Entretanto, componho a equipe da chapa que, em minha opinião, reúne melhores possibilidades de vencer o projeto equivocado que dirige a UNEB atualmente. Vale lembrar, que o projeto anunciado pela atual gestão fora outro. Voto na professora doutora Carla Liane Nascimento e no professor Joabson Figueiredo, pois além do perfil acadêmico e do projeto construído coletivamente, ambos os membros da chapa possuem exitosas experiências acadêmico-administrativas comprometidas com as pessoas, com o aperfeiçoamento humano. Precisamos de uma UNEB com a nossa cara: múltipla, feliz, produtiva, democrática e humana.





 


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