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Professor Doutor João Batista de Castro Júnior
UNEB CAMPUS XX
Os Discentes que promoveram a ocupação do campus XX da UNEB publicaram uma nota elogiando os Docentes que se posicionaram a favor do movimento e lamentaram acidamente a conduta daqueles que não emprestaram adesão.
Trata-se de uma imputação irresponsável por parte de quem não aprendeu a respeitar a discordância, isso, sim, uma prática neofascista similar à daqueles que estão na rua pedindo o fim da corrupção com fins dissimulados.
Não passa despercebido, a qualquer leitor arguto, que nenhuma crítica foi feita na tal nota aos Discentes de Direito que, em sua maioria, foram contra a ocupação, embora estes tivessem se asilado no escaninho da comodidade omissiva, da qual não podem se queixar. Mas, quanto ao texto, não é sem propósito essa ausência de crítica: é política mesmo.
O que quero na verdade deixar em evidência aqui é outro ponto: o discurso mais lindo se perde no pântano das contradições quando não se traduz em realidade factual. Ter apoiado a ocupação não torna nenhum professor superlegitimado nem o desaplauso daquele que foi contrário o torna um maldito. Não há nada mais intelectual e cognitivamente mesquinho que essa redução binária, que parece negar a complexidade da rede neural e suas sinapses elétricas, além de obscurecer uma evidência jurídica comezinha: a Constituição proíbe o anonimato, sob pena de ser mesmo ilegítimo.
Provavelmente estava se olhando ao espelho o “redator” responsável por estre trecho: “no meio acadêmico há uma perda de credibilidade quando o mediador do conhecimento não tem práticas condizentes com seus discursos”. O "habitat" dele é mesmo retórica (muito ruim por sinal) e nada mais. Basta ver a frequência e o rendimento de alguns Docentes e Discentes de Universidades públicas em todo o Brasil para que esse discurso fique exposto sob luz meridiana: gritam-se por direitos escancaradamente justos e legítimos, mas descumprem-se deveres e obrigações mínimos.
Não é segredo, por exemplo, que um fautor da ocupação na Bahia pode ser considerado o mais criminosamente irresponsável na história da UNEB Brumado ao promover, carcomido pelo prurido do despeito intelectual e ideológico, reprovações de candidatos doutores em Direito Ambiental, que são, muitos furos acima, mais habilitados que ele para a docência da disciplina objeto do Edital 046/2013. O prejuízo que isso causou está patente nas lacunas de componentes curriculares que deixaram de ser ministrados por ausência de Docentes.
Sendo assim, o movimento belíssimo de ocupação não é detergente para o mal que um indivíduo como esse praticou e que gosta de posar de herói estudantil, mas sem cacife moral ou intelectual para tanto.
Não é, pois, a adesão retórica que legitima; é a prática. Pol Pot matou milhões numa das maiores carnificinas da humanidade, embora suas movimentações políticas e oratórias de juventude prenunciassem que seria um governante justo em vez do carniceiro que efetivamente foi. Empunhar, pois, uma linda bandeira pode esconder institutos sombrios e nefandos, que além de fomentarem ódio e azedume, derramam cicuta sobre divergências socráticas, impregnados do mesmo mal que censuram nos tais neofascistas. Os “caroneiros” não enganam a ninguém. Têm uma indelével tatuagem mussolinesca estampada na testa.
Portanto, antes de se sair distribuindo palmatoada por aí, que se busque legitimar-se a si mesmo com tônus moral e aperfeiçoamento de discussões intelectuais, afinal, como diz a canção, “o mundo não é só aqui/ repare naquela estrada/ que distância nos levará”.